Burnout e Exaustão Emocional

Quando o cansaço deixa de passar com descanso, é sinal de que algo está em sobrecarga.

O burnout não é preguiça, falta de motivação ou incapacidade. É o resultado de uma exigência contínua — muitas vezes invisível — que vai consumindo energia, prazer e clareza interior.

Esta exaustão pode surgir no trabalho, nas responsabilidades familiares, no cuidado com os outros ou na pressão que colocamos sobre nós próprios. Seja qual for a origem, o corpo e a mente começam a dar sinais de esgotamento. E é importante ouvi-los.

Quando o corpo e a mente entram em colapso

Há dias em que o corpo parece pesado desde que acordamos. Em que cada tarefa simples exige um esforço desproporcional. Em que o pensamento se arrasta, o mundo perde brilho e tudo em nós quer simplesmente parar — mas não conseguimos.

O burnout é mais do que cansaço. É uma exaustão que se infiltra na mente, no corpo e nas emoções. Surge, muitas vezes, depois de um longo tempo a viver em esforço: a dar resposta a tudo, a corresponder a expectativas, a não falhar. Pode acontecer no trabalho, no cuidado com os outros, ou mesmo na forma como lidamos com a vida — sempre a tentar fazer mais, melhor, mais depressa.

No início, talvez ignores os sinais. Continuas a fazer o que tens de fazer, mesmo sem vontade. Depois vêm as insónias, a perda de prazer, o afastamento das pessoas, a sensação de que estás no limite. E ainda assim, tentas continuar — porque parar parece perigoso. Porque achas que não tens esse direito. Porque te ensinaram a aguentar.

É comum sentires que já não és tu. Que perdeste a energia, a paciência, a clareza. Que te esqueces de coisas simples, que estás sempre irritada(o) ou com vontade de te isolar. Que andas no mundo como se estivesses a funcionar por obrigação — como um corpo presente, mas ausente de si.

Do ponto de vista psicológico, o burnout instala-se quando o stress deixa de ser adaptativo e se torna crónico. Quando não há espaço para recuperar. Quando a exigência externa e interna é tão constante que o sistema nervoso já não consegue desligar. O corpo entra em modo sobrevivência, o pensamento torna-se rígido e o mundo interior enche-se de crítica, culpa e frustração.

Mas o burnout não acontece por fraqueza. Acontece, muitas vezes, por seres alguém que dá tudo. Que se compromete. Que quer fazer bem. E que, sem se aperceber, ficou para último plano.

É possível recuperar. Mas a recuperação não começa com uma pausa no fim de semana. Começa com uma mudança mais profunda — na forma como te escutas, como defines os teus limites, como te relacionas contigo. E esse é o caminho que a psicoterapia pode ajudar a construir.

A terapia não te vai pedir mais esforço. Vai dar-te espaço. Vai ajudar-te a entender como chegaste aqui, e a reencontrar um modo de estar mais leve, mais sustentável, mais teu.

O que esperar da terapia

Quando se chega ao burnout, muitas vezes já se passou demasiado tempo a aguentar. A sensação de esgotamento não aparece do nada — é o resultado de semanas, meses ou anos a empurrar o corpo e a mente para além dos seus limites. Por isso, quando alguém chega à terapia nesse estado, não precisa de conselhos nem de metas. Precisa de pausa, compreensão e tempo para voltar a sentir-se.

A primeira coisa que a terapia oferece é isso mesmo: um espaço onde não precisas de fazer de conta que está tudo bem. Onde podes reconhecer o que está a doer sem te justificares. Onde a exaustão deixa de ser sinal de fracasso e passa a ser escutada como um pedido legítimo de ajuda.

Ao longo do processo terapêutico, vais começar a perceber como o burnout se instalou em ti — quais foram os sinais ignorados, os limites ultrapassados, os padrões internos que te levaram a colocar sempre os outros (ou as obrigações) à frente de ti. E vais aprender a reconhecer essas dinâmicas, não com culpa, mas com lucidez e autocompaixão.

A terapia não se limita a aliviar sintomas. Ajuda-te a reorganizar por dentro. A recuperar a tua energia sem te desconectares de ti mesma(o). A aprender a dizer não, a parar sem culpa, a voltar a escolher o que queres preservar e o que já não te serve.

Não se trata de voltar ao que eras antes. Trata-se de encontrares um novo equilíbrio — mais consciente, mais justo contigo, mais sustentável. Um equilíbrio em que viver deixe de ser sinónimo de sobreviver.

Não tens de continuar a aguentar tudo sozinha(o).

Se sentes que tens andado no limite — a tentar manter tudo em pé enquanto te vais perdendo pelo caminho — é importante saberes que não tens de continuar assim.

O burnout não é sinal de fraqueza. É o corpo e a mente a pedir por cuidado. Por descanso. Por reconexão.

Se precisares de alguém que te ajude a recomeçar com mais leveza, clareza e equilíbrio, estou aqui para ti.

Nem sempre estamos prontos para começar uma terapia.

Nem sempre estamos prontos para começar uma terapia.

Pode ser por falta de tempo, por limitações financeiras, por não nos sentirmos à vontade… ou simplesmente porque ainda estamos a tentar compreender sozinhos o que se passa connosco.

Se é o teu caso, existe outra forma de começares a cuidar da tua saúde mental: com calma, no teu tempo, ao teu ritmo.

O Clube Reequilibra é um espaço digital pensado para quem quer compreender melhor a ansiedade, a exaustão emocional, a tristeza ou a confusão interior — com conteúdos acessíveis, baseados na psicologia e na neurociência, sem julgamentos nem pressas.